Embora os juros dependam do princípio de obtenção de bens sem pagar um preço e, exteriormente, seja visto como um meio útil e conveniente para as pessoas, na realidade, não serve a qualquer propósito que não seja explorar o desespero de pessoas que estão em dificuldades. Por esta razão, é uma grande violação dos direitos dos servos de Allah. É um tumor maligno que corrói a economia por dentro e silencia todos os sentimentos religiosos e morais. Isso faz com que os poderosos ganhem sempre mais poder e os necessitados sejam cada vez mais explorados. Assim, faz crescer profundos abismos sociais entre as classes. Considerando a conceituação de famosos economistas, a melhor sociedade em termos de níveis econômicos são aquelas que podem definir suas taxas de inflação e juros a zero.
Os juros afastam as pessoas do trabalho e seus ganhos e as mantêm ocupada com a produção. Aqueles que se acostumam em lucrar com as formas básicas de juros acabam ganhando principalmente nos setores da agricultura, transporte marítimo de cargas e comercio. O que resta neste caso é fazer “dinheiro” se dinheiro, o que acaba se tornando uma situação prejudicial que diminui a produção.
Ganhar dinheiro com dinheiro através de juros é uma pratica que vai contra o individuo e da sociedade, embora algumas pessoas possam gostar dele. Além disso, os juros em longo prazo acabam colocando de cabeça para baixo a relação capital-trabalho até que os juros acabam virando-se contra as pessoas que os alimentam.
No Nobre Alcorão, é anunciado que Allah e o Seu Mensageiro declarou guerra à aqueles que cuja sua ocupação são os juros.[1] Em outro verso é declarado que:
“Os que praticam a usurasó serão ressuscitados como aquele que foi perturbado por Satanás; isso, porque disseram que a usura é o mesmo que o comércio.” (Al-Baqara (A Vaca) 2:275)
Assim, pela ótica do nosso Mestre, o Profeta (s.a.a.s) o mais maligno dos rendimentos é obtido através dos juros.[2] Para proteger sua nação deste grave pecado, o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos estejam com ele) amaldiçoou todos os que recebem juros e todos aqueles que levam as pessoas a obterem juros, os oficiais que conduzem as operações com juros e as testemunhas de tais contratos. Ao fazê-lo, o Profeta (s.a.a.s) afirma que em termos de pecado, todos eles estão no mesmo nível.[3]
Nosso Mestre, o Profeta (que a paz e as bênçãos estejam com ele) amaldiçoou todos aqueles que ajudam a estabelecer os juros na mais nítida demonstração de que na sociedade islâmica não há lugar para qualquer interesse e que ninguém deve sequer chegar perto dele, assim, fecham-se todas as portas para o mal e para o prejuízo.
O juro é um pecado proibido em todas as religiões. Isto porque seu dano é óbvio. Os Nobres Versos do Qur’an indicam que os juros foram vetados para os judeus também.[4]
É errado pensar que uma economia sem juros é impossível nos dias de hoje. Uma economia sem juros é sem dúvida possível. De fato, a sociedades que realizaram tal feito. No Islam os juros são estritamente proibidos, entretanto, o Islam recomenda que se trabalhe em parceria para aumentar o capital trabalhando com estes, isto porque tal método é proveitoso para todos. Além disso, o Islam encoraja os empréstimos tanto quanto os meios permitam, por amor a Allah (Qard Hasan), e considera que o empréstimo dado a quem está em dificuldade como mais virtuosa do que a caridade super-rogatória. Por outro lado, ao ordenar o Zakat e a caridade super-rogatória (sadaqa) o Islam garante uma completa estabilidade econômica para a sociedade.
[1]. Al-Baqara (A Vaca) 2:278-279. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos estejam com ele) mencionou outra coisa a que Allah declarou guerra que é com aqueles que se mostram hostis aos amigos de Allah (Bukhahi, Rikâk, 38 )além destes nenhum rebelde ou pecador foi ameaçado tão gravimente.
[2]. Ibn-i Abi Sheybe, Musannef, VII, 106/34552; Vâkıdî, III, 1016; Ibn-i Kathir, Bidâye, V, 13-14.
[3]. Muslim, Musâkât, 105-106. Also see Bukhari, Büyû’, 24, 25, 113; Abu Dawud, Büyû, 4/3333; Tirmizî, Büyû’, 2/1206; Ibn-i Mâce, Tijârât, 58.
[4]. An-Nisâ (As Mulheres), 4: 160-161.